Nos anos noventa, enquanto eu era um simples membro da Igreja Adventista em Salvador, era um conhecido pregador de um grupo Oásis, que na época, era o melhor de Salvador. Além de orador oficial, eu era diretor espiritual do mesmo.
Eu costumava visitar a cidade de Iguaí, há 520 km de Salvador, em 30 e 30 dias para cuidar de meus pais e administrar minha fazenda. Lá, existia uma Igreja Adventista que ficou mais de vinte anos sem ganhar uma alma. Então, uma pessoa encarregou-se de organizá-la e evangelizar pelo município, o que resultou em sua melhora. Seu ancião sempre me pedia para pregar os sábados, domingos , e quartas-feira.
Além disso, me pedia para ir morar lá para ajudar na igreja. Como os membros eram muito poucos, o distrito ficava em uma cidade de nome Itapetinga, no qual morava o pastor. Suas visitas a Iguaí eram muito poucas, a cada 3 ou 4 meses.
Eu com o passar do tempo fui tomar conta da fazenda e ajudar na igreja, até os primeiros seis meses eu era bem tratado como um pastor, mas com o passar do tempo, minhas pregações foram ficando muito conhecidas e no dia que pregava a igreja se enchia de visitas e de membros recém-batizados que não era ativos na igreja. O ancião só me escalava nos días em que estava ausente da cidade, e as pessoas começaram a cobrar por minhas pregações. Então, aconteceu um fato curioso. Um membro já com muitos anos na igreja, caiu em pecado sem dizer o qual, e queria ser. Ele pediu ao primeiro ancião para falar com o pastor sobre seu rebatizo, mas como sempre tem as políticas dentro das igrejas, os dirigentes não tratam com igualdade suas ovelhas, não queriam rebatizar o membro, dizendo que ele era maluco, e que não estava em pecado. Então ele veio a mim. Eu lhe respondi que não poderia lhe rebatizar, porque não era pastor e nem membro da igreja, pois congregava em Salvador. Ele com muita insistência dizendo que se morresse, ou Cristo voltasse, ele estaria perdido sem o rebatizo. Eu fui tentar fazer o certo e falei com o ancião. Ele me disse que o pastor não queria rebatizar-lo e que não podia fazer nada. Eu lhe respondi que o manual da igreja dava o direito em falta do pastor, o ancião poderia realizar batismo e até casamento, e ele não aceitou chamando o irmão de maluco. Eu lhe perguntei: Porque você aceita o dizimo dele se ele é maluco? Falei com o primeiro diácono que era irmão de três pastores adventistas, e ele me disse o mesmo.
Então eu sem recursos para lhe ajudar, lhe disse que não podia fazer mais nada para ajudar.
Ele inconformado, me pedia todo fim de semana para lhe rebatizar. Eu sempre lhe falava as mesmas coisas.
Um determinado dia de domingo, quando eu ainda estava dormindo, chegou ele batendo em minha porta me chamando, e meu pai foi ver quem era, era ele a minha procura. Novamente me implorando para lhe rebatizar. Eu novamente lhe expliquei tudo de novo.
Ele não se conteve e me pediu para tirar o peso da sua consciência pois não estava dormindo e se Cristo voltasse ele estaria perdido.
Então, eu falei com ele que iria levá-lo numa cachoeira que tinha na cidade, e pedi que não comentasse com ninguém. Era só eu, ele e Deus.
Tudo ficou combinado e fomos em direção ao rio. E quando chegamos, eu escolhi um lugar da cachoeira bem linda com o céu azul sem nuvens, era umas nove horas da manhã. Batizei e ele ficou olhando para o céu dando graças a Deus pelo alivio da culpa.
A noite, fui para igreja e ela estava cheia. Até o pastor que ficou 3-4 meses sem aparecer lá estava.
De repente, ele chega e antes de começar o culto, ele pede ao ancião se pode recitar um salmo. Disse que sim, ele pediu aos os irmãos que escolhessem o salmo. Pediram o 23 e depois para desafiarem ele o 119. Ele, sem abrir a bíblia, disse todo os dois salmos.
Eu não pensava em nada até o momento que ele olhou para cima e disse:
-Estou feliz, se Cristo voltar hoje, estou salvo. Hoje o Professor Milton me batizou no lugar bonito com água da cachoeira limpinha e o céu estava azul sem nenhuma nuvem. Então, a igreja balançou a cabeça e o pastor com o ancião não disseram nada nem para ele e nem para mim.
Terminou o culto e o pastor fez a saída, apertando minha mão e a dele sem falar nada.
No dia seguinte, antes de acordar para ir para fazenda, eles, o pastor com o ancião, estavam batendo na minha porta. Meu pai foi tender e era eles querendo falar comigo. Meu pai ficou espantado. E perguntou:
-Izac o que está fazendo esta hora aqui?
Ele respondeu:
-Queremos falar com Milton.
Meu pai me chamou e eu acordei sem lavar o rosto e perguntei:
-O que vocês querem comigo?
O pastor disse:,
-Eu vim lhe eliminar da Igreja.
Eu perguntei o porque e ele me disse o que eu tinha feito. Eu respondi que eu não era leigo como as pessoas não sabiam se defender, e se eles me disciplinasse eu iria processar os dois.
Disse para o pastor:
-Você não tem condição de ser um pastor adventista e nem em outra igreja.
Perguntei para ele, sabe tudo o que fiz para você rebatizar o irmão e você o chama de maluco? Para que você fez faculdade? Foi só para ter o emprego ou para fazer injustiça com suas ovelhas? Ele não me disse mais nada e foram embora os dois.
Concluo dizendo que eu hoje sou Bacharel em Teologia. Me preparei para não ser um pastor negligente como esse e muitos outros que conheço.
M.P.S.