-Nunca mais haverá uma floresta como aquela!
Não que fosse muito grande, ou tivesse árvores altíssimas, ou a sombra mais refrescante. Não é que nela tudo era muito bonito. As árvores davam flores em diferentes meses, assim o ano inteiro havia, aqui e ali, árvores coloridas. Vejam as flores amarelas daquele ipê! Nem o ouro é tão brilhante.
Colorido como um colírio para os nossos olhos. Fartura para as abelhas. Não existe outra floresta igual a nossa, comentavam os bichos. Satisfeitos como se a floresta fosse criação deles. Nela moravam animais grandes e pequenos, além de milhares de aves e insetos. Uma vez por mês todos se reuniam e cada um podia dar seu palpite, fazer reclamação. -As gabirobas este ano estão muito sem doce- queixou-se um dos sanhaços. Mas as flores das jabuticabeiras nunca deram tanto pólen! -exclamaram as
abelhas. Dava gosto de ver, desde as minúsculas formigas até as musculosas onças-pintadas. Naquela confabulação, o esperto macaco aconselhou: não devemos nos lembrar só do que a floresta pode fazer por nós, mas do que nós podemos fazer por ela.
-Muito bem
-Bravo!
Todos batiam palmas.
-Se é assim, acho que devemos cuidar mais do jequitibá. A maior árvore da floresta, disse a anta, coçando a pequena tromba.
-Ele anda perdendo muitas folhas.
-É mesmo! O sol até já penetra entre seus galhos, avisavam as cigarras na sua cantoria.
-Sinal de que está mal alimentado, respondeu o lobo.
O tatu foi logo falando:
-Tenho uma idéia! Eu faço uma porção de buracos perto do tronco do jequitibá e a gente coloca esterco neles. O que vocês acham ?
-Aprovado, exclamou o gavião.
-Com a chuva, o esterco vai penetrar fundo na terra e atingir as raízes da árvores, reforçando a idéia o cachorro-do-mato.
-E o jequitibá, recebendo esse fortificante, vai agradecer, recobrindo-se de folhas como antigamente, exclamou a borboleta azul.
Cada um dava seu palpite, pensando sempre no bem-estar da floresta, que afinal, era casa de todos.
No entanto havia um passarinho, pequeninho de uma cor que ninguém saberia dizer
qual era: sem ser marrom, não era cinza, nem bege, um passarinho muito sem graça.
-Você nunca dá palpite? Sempre tão fechado feito um caramujo. Perguntou o avestruz
esticando o pescoço para ele.
O passarinho continuou sério e respondeu:
-Saber escutar os conselhos e as idéias dos outros também tem seu valor.
Todos viviam felizes dentro da floresta, debaixo de galhos, folhas e flores.
-Ela é a mãe que nos protege – comentavam entre si.
-Além dos frutinhos que nos dá para comer! Cantava o sabiá em tom agradecido.
Assim, naquele ano, como sempre acontece desde que o mundo é mundo, depois da primavera cheia de cores, veio o verão ardente, o dourado outono e , por fim, o inverno gelado.
II
-Ninguém gosta dele!
-Ninguém gosta desse tempo!
-Ninguém gosta do inverno- coaxavam os sapos à beira do riacho.
No entanto não foi um inverno rigoroso. Na árvores, buraquinhos e formiguinhas se
Transformaram em pequenas cavernas onde os insetos e as avezinhas se escondiam,
bem juntinhos, e assim esquentavam uns aos outros durante toda a noite.
-Estou vendo, pensou o passarinho, todo encolhido dentro de um desses refúgios.
-São sempre as árvores da floresta que nos dão alimentos e proteção.
E o inverno continuava. Sem chuva, os galhos ressecavam, os troncos estalavam e logo o chão da floresta estava todo coberto de folhas secas, palha, pedaços de pau e cipó.
-Faz tanto tempo que não chove – reclamou o coelho, que gostava de tomar banho de chuva.
O pato selvagem estava preocupado:
-Até o riozinho que corta nossa floresta está diminuindo de largura. E até de profundidade.
- É metade do que era ... – do riacho, veio a queixa de todos os peixes.
-A gente até consegue ver as pedrinhas no fundo.
-É mesmo! Como se alguém tivesse desviado as águas.
-Imagine ! É só falta de chuva mesmo- explicou o veado-mateiro, que vivia correndo por todos os cantos.-Já fui verificar a nascente.
-E está tudo em ordem? – perguntou o gambá.
-É ...Ninguém desviou água nenhuma . O riacho está secando por falta de chuva mesmo.
Até que um dia, sem ninguém saber de onde nem por quê, veio o fogo. As
labaredas, fazendo estalar os galhos e as folhas secas. Tudo tão rápido e assustador que os animais só pensavam em fugir, apavorados.
- Pernas, para que te quero! -exclamavam as capivaras, correndo desengonçadas.
As codorninhas e as perdizes escapavam no seu vôo rasteiro.
As raposas pulavam os paus tombados como se fossem obstáculos.
Os besouros e percevejos, aos pinotes, voavam por onde o fogo e a fumaça ainda não tinham passado.
Onças e porcos-espinhos, araras, papagaios e periquitos, mosquitos e borboletas, todos fugiam o mais depressa que podiam.
Só ficou o passarinho calado. Resolvera não fugir, pensando: “Ué! Não é agora a hora de fazer alguma coisa pela floresta? Ela, que até hoje só nos protegeu?”
E, voando até a nascente do riacho , encheu o seu pequeno bico de água, que veio derrubar sobre o fogo da floresta. A minúscula quantidade de água sobre o fogaréu imenso.
E voava da mata para o riacho. Voltando sempre com o biquinho cheio de água, que derramava sobre a floresta em chamas.
Do fogo para a água, da água para o fogo, incansável, sem parar para pensar no perigo que corria no meio da floresta dominada pelo incêndio.
Depois de muito tempo, o fogo foi baixando e os outros bichos , admirados com a valentia e coragem do passarinho, voltaram para lhe perguntar:
-Mas. . . de que adianta ou adiantou todo seu esforço? Sacrificando sua vida.
-Você não conseguirá apagar esse fogo da floresta. . .
Então o passarinho, que nunca falava mas muito pensava, respondeu:
-Sei disso, mas, quando o fogo se apagar e o chão estiver coberto de cinzas,
Se me perguntarem o que fiz para evitar a destruição, posso responder:” Eu fiz
o que pude!”
Concluindo esta bela história e exemplo, devemos tirar uma lição e fazer alguma coisa pelo nosso estado e país.. Já que os nossos governantes que entra no poder para fazer algo termina acabando com tudo de bom que temos e destruindo as florestas e campo.
Só para lhe beneficiar sem olhar para o amanhã.
III
Fica aqui um pedido para todos os leitores desta matéria, se ainda não plantou
um pé de árvore que plante, e cuide bem dela. Só assim teremos um planeta melhor para nós e os nossos filhos netos e bisnetos. Eu Já fiz minha parte.
Tenho um pequeno quintal e nele tenho plantas de A - Z
( Lucília . J. A. P. Adaptado por M. P. S . )