Guarda-me,
ó Deus, porque em ti me refugio. (Sm, 16:1).
Há
muito tempo eu ia de Salvador para Ilhéus, minha cidade natal, na
qual eu tinha uma fazenda. Em uma dessas viagens, conheci uma
história de solidão. Meu companheiro de viagem, até então
desconhecido, era um morador da região. Ele tinha olhos tristes e o
rosto enrugado. Viajava com o olhar perdido através da janela.
-Vai
a Ilhéus? Perguntei-lhe.
Ele
disse que não. Dirigia-se a Itabuna, sua terra natal. Então me
falou da tragedia de viver numa cidade grande como São Paulo:
-Fui
lá com a minha família, procurando trabalho. E nada. A gente se
sente só, girando pelas ruas como um pião. Os cachorros, quando se
encontram, pelo menos mexem o rabo. Mas os seres humanos não,
comentou.
Fez
uma pequena pausa, e prosseguiu:
-Uma
noite, tinha chovido muito e o barraco em que morávamos estava
molhado por dentro. Meu filho pequeno estava com muita febre e não
parava de chorar e gritar nos deixando preocupados. E minha esposa,
no hospital. Procurei ajuda aos vizinhos, mas ninguém tinha tempo e
boa vontade para me ajudar. Procurei um médico e ele disse que o
lugar que eu morava era muito perigoso naquela hora, e que iria
somente se lhe pagasse o dobro. Dava vontade de morrer. Só... Só,
no meio de tanta gente sem me ajudar ou me orientar do que fazer.
A
experiência desse senhor é a mesma de milhares de pessoas que andam
pelas ruas das grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de
Janeiro e Salvador. Perdido na multidão, cada indivíduo é um ser
solitário e desesperado. Com razão, muitos psicólogos dizem que a
mais terrível das doenças deste fim de século é a solidão.
As
cidades absorvem o ser humano. A corrida é intensa, desde o nascer
do dia até altas horas da noite. Caso queira vê-lo por si, basta
ficar parado, à tardinha, no viaduto do Chá, em São Paulo, ou no
Rio de Janeiro, na avenida Brasil, por exemplo. Lá verá que as
pessoas correm loucamente. Elas nos arrastam em meio a esse turbilhão
de apressados, para não perder seu transporte e seu emprego. Ninguém
conhece ninguém. Cada um vive sua história, cada um corre atrás de
seu sonho.
Se a
gente parasse para pensar que existe um Ser que Se preocupa com cada
indivíduo, Se interessa por nossos sonhos e percebe cada sorriso e
cada lágrima, o mundo seria diferente. A solidão não teria mais
vez e espaço nas nossas mentes e corações.
A
solidão é uma inimiga perigosa para os seres humanos. A ideia de
cada um só depender de si, pode levar a morte. Para evitar este mal,
é aconselhável buscar a Deus, e uma ajuda de quem te ama. Não
importa quem seja. O importante é sair da solidão, para não entrar
numa perigosa depressão.
(Autor
M. P. S.)
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