Cinco minutos

Na cidade de Iguaí,  a 520 km  de Salvador,  aconteceu um milagre. Meu  pai, João  Pires,  conhecido como Pires, já ancião de 85 anos,  estava  fraco e sem apetite  para se alimentar. Eu morava em Salvador, e amando muito meus  pais,  sempre que precisavam de mim eu viajava para ajudá-los no possível e no impossível. 

Cheguei em acordo com a família e internei meu pai para que ele tomasse soro, e se reabilitasse para voltar a casa o mais rápido possível. Só que nossos  pensamentos e planos não deram certo. Muitas  pessoas, principalmente  do interior,  não gostam de hospital. Após três dias, meu pai em vez de melhorar, piorou, com dificuldade de engolir um simples comprimido. 

Essa crise aconteceu  em uma noite de natal, e as médicas  que cuidavam dele estavam em festa, em suas casas. Vendo aquele estado que merecia cuidados, as  chamamos,  para que uma delas viesse ver o estado dele. Nenhuma delas compareceu  naquela hora de agonia e tristeza. Já tinha as chamado por três vezes e na quarta eu fui pessoalmente  chamá-las. Disse para as mesmas que  estávamos  pagando  por um quarto particular para temos o direito de ser bem atendidos. 

Então umas delas veio, sem ética médica, e olhou para  muitos familiares que ali estavam,  e disse: “Seu pai só tem uns cinco minutos de vida, e se tirar o soro ele nem isso tem. E não daremos mais comprimidos,  senão ele engasga,  pois está  muito fraco e não tem forças para engolir o comprimido." 

Nesse momento a família entrou  em pânico e, ao amanhecer, eu e minha família entramos em acordo para tirá-lo do internamento e levá-lo  para casa. Ligamos para os filhos e parentes que moravam  fora da Bahia,  para avisar o fato da doença  do meu pai. Colocamos ele na ambulância e, ao chegar em casa montamos, um mini hospital. Eu ficava 24 horas por dia com ele, aferindo a sua pressão e a temperatura do seu corpo. Ele estava de um jeito que nem abria os olhos de tão ruim. 

Uma sobrinha que trabalhava em outro hospital concorrente e eu ligávamos para o médico para lhe informar seu estado, e ele dava as instruções para eu assim fazer. Só que nada dava certo. Se já estava orando, então começava a orar mais ainda. A todas as pessoas que ali chegavam para visitar meu pai, eu pedia oração. Não estava sendo fácil para toda a família, porque a noite toda a casa enchia de visitantes e eles queriam  entrar no quarto para vê-lo,  e eu não deixava, pois o estado dele merecia muito cuidado. 

O sofrimento e a angústia continuava cada vez mais. As orações  pareciam já desgastadas. Mas  Cristo disse: "Não turve seu coração, pense em Deus e em mim". E disse mais: "Eis  que estou  contigo até a consumação dos séculos." Meus amados, era por volta das 14 horas. Eu já sem recursos e já quase sem esperanças, sai do quarto e fui até a janela que dava frente para rua principal e coloquei minha cabeça pelo lado de fora da rua e disse só no pensamento: meu Deus, vem agora salva meu pai ou leva de uma vez sem sofrer  tanto. Não dá para segurar. 

Queridos, não abri minha boca, orei em pensamento e as lágrimas  correram  pelo meu  rosto e eu tive que voltar para o quarto. Quando entrei, tive uma surpresa milagrosa:  meu  velhinho  abriu os olhos e olhou para mim, o que não fazia há muitos dias. Glória a Deus! Cristo ouviu as minhas orações! 

Meu pai, no dia seguinte, levantou da cama e começou a andar. Quando a mulher que o desenganou soube da notícia, não acreditou e, no dia seguinte, ela foi ver com seus próprios olhos, e quando chegou meu pai estava sentado na varanda. Ela disse: "Seu João, o senhor está bom e eu não acreditei". 

O seu João, meu pai, ainda viveu por mais de seis anos de plena saúde e felicidade andando por toda a cidade. Fica aqui um lembrete para os pentecostais: Deus não é surdo, Ele é invisível, mas está em toda parte. Não precisa gritar para que ele ouça. As minhas maiores vitórias vieram de minhas orações mais silenciosas. Que Deus nos abençoe.

MPS