A melhor mulher e a mais linda que já conheci

Meus amigos e leitores, vou falar de uma  mulher maravilhosa que conheci. Seu nome é Dona Alcina, também conhecida como Dona  Sina. Essa mulher é minha querida e doce mãe. Ela era morena com os cabelos longos que chegavam até as costas  e bem escuros, já  que ela era descendente de índios. Ela era baixinha, media cerca de 1,50 cm de altura. Ela teve 14 filhos com meu querido pai. Os últimos foram um casal de gêmeos.  Eles  morreram  ainda bebês, deixando-me  no lugar de caçula. Eu nasci  apegado a  ela e ela a mim. Éramos muito apegados um ao outro. Nosso amor e união era tão grande que, quando meu pai não estava em casa, eu dormia com ela. Ela tinha seus longos cabelos  e eu gostava de jogá-los  por cima de mim. Morei com meus pais até meus 17 anos, e pude desfrutar bastante da companhia dela. Então chegou o momento de sair de casa para buscar algo para minha vida  e conhecer  o mundo lá fora. Não foi fácil para mim que nunca tinha dormido  uma noite fora de casa. Conheci um amigo que tinha vindo do Paraná, e ele  com seus pais estavam a caminho de São Paulo. Eles me chamaram para ir com eles.  Eu fui chorando  com falta da minha mãezinha   querida que nunca tinha deixado. Foi  uma  tristeza imensa  dentro do meu coração  que não sei como  consegui  pegar o ônibus  para  uma viagem  tão longa. Eram os anos de 1968/69.  Após ter chegado em São Paulo, a saudade se tornou ainda maior, pois não sabia como tinha ficado minha linda mãezinha  do meu coração. A falta que sentia dela era tão grande que quando  chegava ao meio dia e terminava de comer,  eu adormecia  com o meu pensamento em minha mãe.  Até que se aproximava da hora de voltar ao trabalho, acordado aos gritos pelos companheiros. Mas para minha  alegria e tristeza  eu escrevia  todos os meses  para ela  e ela respondia minhas  cartas  e  nelas as notícias  não eram muito boas, pois minha mãe havia  ficado doente por sentir minha falta. Eu também  ao saber adoecia  de saudade e amor  por  aquela linda e boa mulher que tive a felicidade de ter tido ao meu lado. Já se passaram  três  anos sem nos encontrarmos, sem  nos vermos e sem nos abraçarmos. Voltei à minha cidade e quando cheguei em casa,  pude matar a saudade,  caindo nos  seus doces  braços,  que me acolheram. Então os dias em que fiquei pude matar a saudade  que sentia, com meus carinhos e beijos  que só eu como filho  carinhoso dava. Minha mãe era tão boa que com o dinheiro  de sua pequena aposentadoria  ela o dividia as pessoas que necessitavam  e com as outras que gostavam de explorá-la. Eu fiz tudo que pude por ela  e hoje me pergunto se eu não poderia  ter  feito  mais ainda. O coração  de minha mãe  era tão puro  que ela dava graças a Deus  quando recebia  as choradas merrecas  de aposentadoria,  dizendo que  os políticos  eram gente boa  que davam aposentadoria  aos  pobres. Sem saber minha mãezinha que eles não davam, mas tiravam  os  direitos  dos aposentados. Esta  foi Alcina  Rosa de Jesus, morena, baixinha, cabelos longos, mansa, educada, linda e boa.  Será impossível encontrar outra para eu  amar e ser amado  como fui.

Se vocês  leitores  ainda têm mãe, cuidem bem dela, pois  nunca mais terão  outra oportunidade  depois de perdê-la.

                                                  MPS