O bezerro Bonitinho

Amigos e leitores, esta é uma história real. Por volta dos  anos 90, do século XX,  eu comprei  uma fazenda. Por não entender muito sobre o negócio a deixei a cargo de outra pessoa.  

Na época eu era sócio de uma cooperativa de turismo e ganhava muito dinheiro e queria ter uma fazenda. Só que eu não sabia nada de pecuária e de administração. Comprei alguns gados, a maioria fêmeas, e depois eu fui levado para comprar um lote de novilhas com algumas já enxertadas. Destas logo pariram duas, com poucos meses. 

Tenho dois filhos e na época eles eram  pequenos  e eu dei o primeiro bezerro  para o mais  velho e  o segundo dei para o mais novo. O  primeiro  foi chamado de "Pintadinho", era branco, não tão bonito. Após  algumas semanas veio o segundo  bezerrinho branquinho com o focinho   vermelhinho,   parecendo uma  criança   novinha quando  nasce. Pus o nome dele de "Bonitinho"  e  ele foi crescendo  com umas pintinhas  pelo corpo. Seu focinho foi mudando de cor e ficando pintadinho de preto. Seu nome era  bonitinho porque parecia com meu filho.  Este  bezerro  adotou este nome  e ele vinha onde eu estivesse só para eu coçá-lo, e  quando eu não lhe chamava ele  vinha  e me empurrava com sua cabecinha só para eu lhe  fazer carinho.

Ele foi crescendo e após um ano e meio,  quando já estava grande, eu  ficava com medo  dele me dar uma  cabeçada. Ele era muito carinhoso  e amigo, não me agredia,  só me dava alegria. Na época  de separá-lo da mãe,  eu o coloquei em outro pasto. Ele comeu uma erva e ficou envenenado. Então veio a minha procura. Eu notei que seus olhos estavam fundos e tristes e perguntei se estava tudo bem. Ele encostou sua cabeça  em  meu corpo, como se dissesse que não.  

Eu o levei ao veterinário para ser examinado. Ele me receitou medicamentos e ele ficou bom. Depois do susto eu o coloquei em outro  pasto  para que não acontecesse  mais aquilo.

Em um determinado dia, por volta das duas horas da manhã, notei que estavam batendo  na porta e eu acordei com medo, porque a dez metros da casa tinha um cemitério e eu não  sabia o que era... As batidas e empurrões  continuavam mais fortes ainda, então  me  levantei  e quando  cheguei na porta era ele, tinha adoecido novamente, estava todo furado de arame farpado e desta vez foi obrigado  quebrar a cerca na qual estava para pedir  socorro.  

Ele encostou sua cabeça  no meu corpo e olhou para mim como se estivesse  pedindo socorro. Eu comecei a lhe fazer carinho nele, eu e ele sozinhos naquela noite. O coloquei dentro de casa e esperei amanhecer para ir a cidade providenciar remédio para meu amiguinho Bonitinho, o bezerrinho.

Os animais são muito mais inteligentes e companheiros do que muitos seres humanos que conheci. Eles não falam, mas  entendem  o que dizemos com amor.  Essa lição aprendi com meu amiguinho.

                 

                                                           M. P. S.