domingo, 27 de julho de 2025

Uma viagem de trem

 





Um dia desses, li um livro que comparava a vida com uma viagem de trem. Uma comparação literalmente interessante quando bem interpretada, é claro. Cheia de embarques e desembarques, com pequenos acidentes pelo caminho. Nessa viagem, tive surpresas desagradáveis e agradáveis com os desembarques. Quando nascemos e embarcamos nesse trem, encontramos duas pessoas que ficam conosco durante essa jornada: nossos pais.

Eles estarão conosco até o fim da viagem, mas, infelizmente, em algumas estações, eles irão desembarcar. Sendo assim, ficaremos órfãos de sua presença. Isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas muito interessantes que nos fazem felizes. Essas pessoas podem ser nossos irmãos, amigos e amores. Muitas pessoas tomam esse trem a passeio; outras fazem essa viagem somente em tristeza. Há também aqueles que passam de vagão em vagão apenas para ajudar quem precisa de, pelo menos, um simples sorriso.

Muitos desembarcam e deixam saudades profundas em nós, que convivemos com eles por pouco tempo. Outros viajam e, quando descem, ninguém percebe. Curioso que muitos passageiros que pagam muito caro ficam vagando entre os que pagaram pouco, sem que ninguém perceba. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não nos impede de atravessar nossos vagões e ir até eles. O difícil é aceitar que não podemos nos sentar ao lado deles, pois outras pessoas estarão ocupando esses lugares mais luxuosos.

Essa viagem é cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais voltará. Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento, sem fraquejar e pensando no desembarque do nosso destino — sem saber onde vamos descer. Fico pensando: quando eu descer desse trem, sentirei saudade? Claro que sim. Sentirei falta dos meus filhos, dos meus queridos pais, do doce beijo e do meigo sorriso da minha querida mãe, das brincadeiras e da alegria do meu amado pai. Sim, é lógico que vou sentir muito. Mas tenho que descer.

Essa viagem de trem é para você refletir em cada curva, cada montanha, cada passageiro que entra e sai olhando para você. Você deve pensar em quem ama, valorizar a si mesmo como a classe do trem é valorizada. Procure amar mais e ser amado, para sentir as belezas da viagem — a oportunidade que você teve e lhe foi dada de fazer essa viagem como turista pelas montanhas, pelos pastos, rios, mares, lagos e pelas belezas naturais do planeta.

M. P. S.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Meu coração é um vulcão

 




Meu coração é um vulcão que ruge e entra em erupção.
Ao mesmo tempo, ele é um iceberg que se mantém na solidão.
Ele é a dualidade personificada, a contradição em si mesmo.
É uma mistura entre calor e frio, de amor e indiferença.
Sabe ser intenso como o fogo e frio como o gelo das montanhas.
É um paradoxo ambulante que exala um magnetismo tão singelo.

E é no equilíbrio entre esses extremos que encontra a beleza do amor que procuro.
É a personificação da mais perfeita e complexa manifestação da natureza.
Ele sabe ser intenso como o fogo e frio como o gelo.
Seu olhar queima e congela o mais profundo desejo,
com a força de mil ventos e a calma de um mar sereno.

Desafia o mundo com sua aura de mistério e veneno.
Seus lábios são como labaredas que incendeiam a paixão,
e seu sorriso gélido corta como uma adaga afiada em mãos.
Ele é o contraste perfeito entre calor e frieza.
Meus pensamentos e desejos são como um enigma a ser decifrado
com dedicação e delicadeza,
para manter essa energia segura dentro do meu peito.

Meu ansioso coração é um vulcão que desperta a milhas de distância
para atrair o amor.
Esse vulcão, quando ruge e entra em erupção,
atrai quem está por perto.
Mas eu, ao mesmo tempo, sou um iceberg,
e me mantenho em choque com o amor
para não ficar na solidão.

Dentro do meu coração há dores que ninguém conhece,
sacrifícios que ninguém viu,
cicatrizes que ninguém cuidou.
Há sentimentos que ninguém pode julgar,
porque ninguém chorou as mesmas lágrimas que eu chorei.
Ninguém sofreu a mesma dor que eu sofri.

Cada um de nós sabe o que carrega no coração,
e ninguém neste mundo tem o direito de julgar.
Esse sou eu.

                                                                                                                              Autor: M. P. S.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Um milagre jogado no lixo


Moro em Salvador, no Centro, em uma rua com pouco movimento. Nessa rua há um pequeno lixo só dos moradores que residem nela. Mesmo assim, o caminhão da limpeza passa todos os dias para apanhá-lo.

Fico observando, admirado, quando alguém consegue encontrar algo de valor em um lixo tão pequeno. Sempre há quem pegue algo. É um verdadeiro milagre que um lixo de um pouco mais de dez prédios possa servir para que necessitados e recicladores retirem dali o seu sustento.

Para ser sincero, um dia vi da minha janela um quadro jogado nesse lixo. Então eu desci e vi um quadro do estilo barroco, muito bem pintado. Eu o peguei, porque eu também gosto de pintar quadros. Só que esse quadro é muito mais bonito e valioso do que os que eu pinto. A tela, a pintura, os desenhos e a moldura são de outro nível. Há mais de dez anos eu tenho esse quadro, que foi avaliado na época no valor de vinte mil reais.

Se esse pequeno lixo faz esses milagres, imagine os lixões.  Soube que uma catadora de lixo do Rio de Janeiro encontrou uma mala cheia de dinheiro, com mais de dez mil reais. Isso só pode ser obra de Deus ajudando os seus filhos necessitados.

Espero que um dia já não exista lixões em todas as cidades, assim como a fome e o desemprego, para que os seres humanos não precisem mais catar lixo.

M. P. S.